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Gorongosa

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O PNG e o Dia da Mulher Moçambicana

Parque Nacional da Gorongosa 8 Abr 14

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Delegação de mulheres do Parque Nacional da Gorongosa que desfilaram na Vila da Gorongosa durante as comemorações do Dia da Mulher Moçambicana, no passado 7 de Abril.

A Gorongosa e o Dia Internacional da Mulher

Parque Nacional da Gorongosa 8 Mar 13

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Hoje é o Dia Internacional da Mulher! Apresentamos-lhe o perfil de Pelagia Pita porque ela enfrentou os desafios que lhe foram aparecendo na sua vida e construiu uma carreira de sucesso na Gorongosa, para poder sustentar a sua família.

 

Ela inspira-nos e pensamos que a sua história é motivo de inspiração para quem a ler.

 

Conheça AQUI a história da Pelagia

Uma mulher portadora de deficiência física, é exemplo incontornável e fonte de inspiração de empreendedorismo na Comunidade do Vinho, uma área rural do distrito de Nhamatanda, em Sofala.

 

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Ajola Chaibande Chicossa


Trata-se de Ajola Chaibande Chicossa que se dedica à actividade agro- pecuária como forma de vida e subsistência. Também tem uma propriedade agrícola de hortaliças, na qual produz uma diversidade de ervas aromáticas e vegetais.

 

A produção é vendida maioritariamente ao restaurante do Parque Nacional da Gorongosa e, em pequena escala, a outros revendedores dos mercados informais do distrito de Nhamatanda. Os seus ganhos anuais nos últimos tempos cifram-se acima de 25 mil meticais, valor superior ao rendimento anual dos trabalhadores com salário mínimo nacional em alguns sectores de actividades formais em Moçambique.

 

Com as receitas arrecadas consegue satisfazer as suas despesas domésticas, incluindo os encargos da educação dos filhos. No entanto, um crocodilo tem inviabilizado os projectos pecuários da Ajola Chaibande Chicossa ao atacar 19 cabritos, entre 2006 a 2008. Igualmente devorou no mesmo período cinco cães.

 

Os animais foram atacados quando se dirigiam a Nhangute, um dos afluentes da bacia hidrográfica do Púnguè, para beberem a água. Presentemente, o crocodilo galga as encostas do rio acima referido, que fica a escassos metros da moradia da empreendedora, para comer várias dúzias de ovos de patos.

 

Há dias um galo escapou a morte e ficou com uma porção do seu corpo depenada, em resultado de um ataque fracassado do tal crocodilo.


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Curral de cabritos vazio em consequência de ataques do crocodilo
 

Segundo avaliou Ajola Chaibande Chicossa, a perda dos cabritos provocou um prejuízo de aproximadamente 20 mil meticais.

 

Ela acha ser misterioso o crocodilo devastador e pensa que o mesmo esteja a atacar a mando de alguém através de magia africana para inviabilizar seus planos económicos, pois todos os seus vizinhos com animais domésticos têm as criações intactas na zona.

 

"A minha atitude de iniciativa própria, realização de acções e administração de actividades com o objectivo de desenvolver e dinamizar meus projectos deve estar a provocar ódio e inveja em alguns dos meus vizinhos" disse.

 

Primeira a ter casa melhorada e uma motorizada

Ajola Chaibande Chicossa é a primeira e até então a única cidadã a ter uma casa melhorada em Vinho, uma comunidade rural que fica a cerca de 40 km da vila-sede distrital de Nhamatanda.

 

A vivenda construída com base em blocos de terra estabilizada e coberta com chapas de zinco foi edificada em 2004, sob regime de administração directa com fundos próprios. Ter uma casa como a de Ajola Chaibande Chicossa em meio rural recôndito, situação da comunidade do Vinho, é algo pouco comum em Moçambique.


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Casa de Ajola Chaibande Chicossa


Também foi a primeira a comprar uma motorizada na sua comunidade.

 

Ter carro é maior sonho de Ajola

O maior sonho da realização na vida de Ajola Chaibande Chicossa é ter um carro com caixa aberta de mercadoria. De acordo com ela, o veículo automóvel ajudará nas suas deslocações dada a sua condição física e para o transporte de seus produtos agrícolas para colocá-los em diversos mercados, pois em todos os anos tem registado enormes perdas de vegetais por insuficiência de compradores.

 

"Bilhete de Identidade" de Ajola Chaibande Chicossa

Ajola Chaibande Chicossa, 70 anos, casada, mãe de 7 filhos vivos e 5 falecidos, é combatente de Luta de Libertação Nacional, agora aposentada, com a patente de 1º Sargento.

 

É portadora de deficiência física adquirida, em consequência de uma mina anti-pessoal que trilhou durante a Guerra Civil. A seguir ao acidente foi evacuada de emergência para Hospital Central da Beira para efeitos de tratamento.

 

Na altura estava grávida de oito meses que dias depois deu à luz ao seu filho de 21 anos. Ela diz ter havido milagre de Deus para ter um filho vivo depois do acidente sofrido, pois o mais provável que estava no pensamento de Ajola e de toda a família era um aborto.


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  Ajola Chaibande Chicossa

 

Conforme contou, accionou o engenho bélico na via pública, arredores da vila de Gorongosa, no último cartel da década 80. Um desastre que lhe amputou metade do pé da perna direita.

 

Como forma de compensar a perna afectada usa uma prótese artesanal feita com base de um pedaço de pneu, pele de animal e panos.

 

Esta é a mulher empreendedora de sucesso na comunidade do Vinho, distrito de Nhamatanda, em Sofala.

A jornalista e escritora moçambicana, Rosa Langa, lançou em 8 de Março de 2009, no Parque Nacional da Gorongosa (PNG), em Sofala, o seu segundo livro: "As Inconfidências dos homens". O acontecimento reuniu membros de diferentes categorias da Equipa de Gestão do Parque e membros da comunidade do Vinho, distrito de Nhamatanda, em Sofala.

Rosa Langa compilou 27 entrevistas feitas a diferentes individualidades  masculinas, radiodifundidas parcialmente na Rádio Moçambique (RM) - EP, onde são abordados vários temas, dos quais a questão da sexualidade masculina como, por exemplo, os sentimentos da primeira experiência, a utilização ou não de preservativo, as relações ocasionais, relações com prostitutas, circuncisão. Fazem parte desta colecção as entrevistas de 25 artistas moçambicanos e dois estrangeiros, nomeadamente Bonga, cantor angolano, e Rui Veloso, músico português. 

Revela o quão preconceituoso é o mundo em que vivemos. E mais. A obra de Rosa Langa traz à luz a visão que os homens têm da mulher e nesse entulho de percepções da pessoa mulher se desdobra em escamas a dura verdade que a luta pela emancipação da mulher e pela igualdade de género vai perdurar ainda mais” - assinala no prefácio o  Prof. Doutor José Mateus Muária Katupa, antigo ministro da Cultura, Juventude e Desportos de Moçambique.

O livro é “revelador da paixão que a autora nutre pelo jornalismo cultural. Como jornalista de mão-cheia, Rosa Langa, assume o papel instrumental para a exposição dos artistas dirigida aos governantes onde colocam os seus encantos e desencantos sobre gestão e direcção da Política Nacional da Cultura” – Escreve Katupa.

 

“As Inconfidências dos Homens” da Rosa Langa 

O lançamento inaugural do livro foi a 22 de Agosto de 2008,  no Centro Cultural Franco - Moçambicano, em Maputo. Depois seguiram-se as apresentações do dia 25 de Setembro de 2008, na Embaixada de Moçambique, em Lisboa, 04 de Outubro de 2008, em Pretória, 17 de Outubro de 2008, na cidade de Pemba, 14 de Fevereiro de 2009, na cidade da Beira, 23 de Fevereiro de 2009, na cidade de Quelimane e 8 de Março, dia Internacional da Mulher, no PNG.

O Presidente da Fundação Carr e membro do Comité de Supervisão do PNG, Gregory Carr, convidado a tomar palavra à margem da cerimónia de lançamento da referida obra literária parabenizou a autora e felicitou todas as mulheres por ocasião de passagem de mais um aniversário alusivo ao Dia Internacional da Mulher. 

Por outro lado, destacou o projecto de restauração do Parque e os benefícios directos que gera para as comunidades ao seu redor, sobretudo na criação de oportunidades de emprego para a camada feminina local.

“O PNG reconhece o papel da mulher na sociedade e estamos a lutar para melhorar a sua qualidade de vida” - concluiu Gregory, carinhosamente tratado por Greg.

 

Gregory Carr durante a cerimónia de lançamento do livro da Rosa Langa

 

Por sua vez, a “parturiente”  de "As Inconfidências dos homens" disse que o Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março de cada ano. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. 

Num outro desenvolvimento, Rosa Langa insta à mulher moçambicana a ser persistente no que diz respeito à sua secular luta na procura e na afirmação da igualdade dos seus direitos em relação aos do homem, bem como em assegurar todas as conquistas até agora conseguidas em termos de direitos da mulher. 

Paralelamente, apelou as mulheres casadas a observarem rigorosamente o seu papel social como forma de garantir um lar feliz e  de “prender” o marido em casa. Sem, no entanto, deixar de chamar à atenção para a prevenção e a realização de teste voluntário do HIV.

 

Rosa Langa dirigindo-se ao público em Chitengo

 

Tomaram parte da cerimónia de lançamento do segundo livro da Rosa Langa no PNG diversos convidados com maior incidências de mulheres, entre trabalhadoras do Parque e membros da comunidade do Vinho, distrito de Nhamatanda. 

 

Parte da assistência e a autora no fim da cerimónia

 

Várias actividades de índole cultural coloriram a festa de lançamento da obra literária da jornalista radiofónica da Emissora Pública Nacional.

 

Manifestação cultural a propósito do lançamento livro e de 8 de Março

 

A terminar, recordar que Rosa Langa lançou seu primeiro livro, “Moçambique, Mulheres e Vida”, em 2006, numa colecção de 30 entrevistas de mulheres moçambicanas de diferentes estratos sociais. 

Rosa Langa, nasceu no distrito de Chibuto, província de Gaza, jornalista cultural há 13 anos ao serviço da RM-EP. Foi colaboradora da Revista Tempo e do extinto jornal Campeão. 
 
 

Carlitos Sunza

Departamento de Comunicação/PNG

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