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Parque Nacional da Gorongosa 21 Mai 10
Uma mulher portadora de deficiência física, é exemplo incontornável e fonte de inspiração de empreendedorismo na Comunidade do Vinho, uma área rural do distrito de Nhamatanda, em Sofala.
Ajola Chaibande Chicossa
Trata-se de Ajola Chaibande Chicossa que se dedica à actividade agro- pecuária como forma de vida e subsistência. Também tem uma propriedade agrícola de hortaliças, na qual produz uma diversidade de ervas aromáticas e vegetais.
A produção é vendida maioritariamente ao restaurante do Parque Nacional da Gorongosa e, em pequena escala, a outros revendedores dos mercados informais do distrito de Nhamatanda. Os seus ganhos anuais nos últimos tempos cifram-se acima de 25 mil meticais, valor superior ao rendimento anual dos trabalhadores com salário mínimo nacional em alguns sectores de actividades formais em Moçambique.
Com as receitas arrecadas consegue satisfazer as suas despesas domésticas, incluindo os encargos da educação dos filhos. No entanto, um crocodilo tem inviabilizado os projectos pecuários da Ajola Chaibande Chicossa ao atacar 19 cabritos, entre 2006 a 2008. Igualmente devorou no mesmo período cinco cães.
Os animais foram atacados quando se dirigiam a Nhangute, um dos afluentes da bacia hidrográfica do Púnguè, para beberem a água. Presentemente, o crocodilo galga as encostas do rio acima referido, que fica a escassos metros da moradia da empreendedora, para comer várias dúzias de ovos de patos.
Há dias um galo escapou a morte e ficou com uma porção do seu corpo depenada, em resultado de um ataque fracassado do tal crocodilo.
Curral de cabritos vazio em consequência de ataques do crocodilo
Segundo avaliou Ajola Chaibande Chicossa, a perda dos cabritos provocou um prejuízo de aproximadamente 20 mil meticais.
Ela acha ser misterioso o crocodilo devastador e pensa que o mesmo esteja a atacar a mando de alguém através de magia africana para inviabilizar seus planos económicos, pois todos os seus vizinhos com animais domésticos têm as criações intactas na zona.
"A minha atitude de iniciativa própria, realização de acções e administração de actividades com o objectivo de desenvolver e dinamizar meus projectos deve estar a provocar ódio e inveja em alguns dos meus vizinhos" disse.
Primeira a ter casa melhorada e uma motorizada
Ajola Chaibande Chicossa é a primeira e até então a única cidadã a ter uma casa melhorada em Vinho, uma comunidade rural que fica a cerca de 40 km da vila-sede distrital de Nhamatanda.
A vivenda construída com base em blocos de terra estabilizada e coberta com chapas de zinco foi edificada em 2004, sob regime de administração directa com fundos próprios. Ter uma casa como a de Ajola Chaibande Chicossa em meio rural recôndito, situação da comunidade do Vinho, é algo pouco comum em Moçambique.
Casa de Ajola Chaibande Chicossa
Também foi a primeira a comprar uma motorizada na sua comunidade.
Ter carro é maior sonho de Ajola
O maior sonho da realização na vida de Ajola Chaibande Chicossa é ter um carro com caixa aberta de mercadoria. De acordo com ela, o veículo automóvel ajudará nas suas deslocações dada a sua condição física e para o transporte de seus produtos agrícolas para colocá-los em diversos mercados, pois em todos os anos tem registado enormes perdas de vegetais por insuficiência de compradores.
"Bilhete de Identidade" de Ajola Chaibande Chicossa
Ajola Chaibande Chicossa, 70 anos, casada, mãe de 7 filhos vivos e 5 falecidos, é combatente de Luta de Libertação Nacional, agora aposentada, com a patente de 1º Sargento.
É portadora de deficiência física adquirida, em consequência de uma mina anti-pessoal que trilhou durante a Guerra Civil. A seguir ao acidente foi evacuada de emergência para Hospital Central da Beira para efeitos de tratamento.
Na altura estava grávida de oito meses que dias depois deu à luz ao seu filho de 21 anos. Ela diz ter havido milagre de Deus para ter um filho vivo depois do acidente sofrido, pois o mais provável que estava no pensamento de Ajola e de toda a família era um aborto.
Conforme contou, accionou o engenho bélico na via pública, arredores da vila de Gorongosa, no último cartel da década 80. Um desastre que lhe amputou metade do pé da perna direita.
Como forma de compensar a perna afectada usa uma prótese artesanal feita com base de um pedaço de pneu, pele de animal e panos.
Esta é a mulher empreendedora de sucesso na comunidade do Vinho, distrito de Nhamatanda, em Sofala.
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