Blog da Gorongosa © 2009 - 2016 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Acompanhe as actividades do Parque Nacional da Gorongosa e deixe o seu comentário!
Parque Nacional da Gorongosa 4 Nov 09
Fernando Pedro na sua primeira experiência como operador de imagem
Num esforço para ajudar os jovens que vivem na “zona tampão”, nos arredores do Parque Nacional da Gorongosa, a melhorarem o seu potencial de vencimento e aumentarem as suas oportunidades de emprego, começamos um programa para ajudar estudantes das escolas locais a receberem formação profissional. Enquanto componente dos projectos sociais do Parque, este programa destina-se a ajudar a juventude local a aceder e a escolher uma profissão que não seja tradicional na zona, mas que ainda assim seja sustentável financeiramente.
O Projecto de Restauração da Gorongosa entende que é essencial que os profissionais tenham a capacidade, a auto-confiança, a habilidade para relações interpessoais e, acima de tudo, o interesse em expandirem o seu conhecimento a fim de melhorarem as suas vidas profissionais.
Este programa irá ajudar os jovens a aprenderem que a construção de uma carreira profissional não se baseia apenas na perspectiva do emprego mais fácil, na mais bem vista posição social ou no vencimento elevado que do emprego possa porventura resultar. O programa foca os obstáculos que impedem os estudantes de obterem formação profissional numa área que lhes interessa verdadeiramente ou de encontrarem trabalho numa área nova.
Nos países em vias de desenvolvimento como Moçambique, há escassez de recursos financeiros que permitam proporcionar aos cidadãos formação profissional que vá de encontro aos requisitos de qualificação exigidos para profissões em áreas de interesse novas e emprego disponível. A situação é ainda mais séria nas zonas rurais do país, onde normalmente não existem institutos de formação profissional. As pessoas vêem-se assim obrigadas a deslocarem-se até às capitais provinciais ou, em alguns casos excepcionais, às capitais distritais, a fim de poderem participar em programas de formação.
A maioria das comunidades rurais pratica economias de subsistência e aufere rendimentos muito baixos. Os membros destas comunidades não têm capacidade financeira para custear as despesas de programas de formação em áreas por si eleitas nem o custo de vida em “grandes” centros urbanos.
Em zonas como a Gorongosa, os jovens recebem apenas formação geral ou formação em programas que nada têm a ver com os seus interesses. Acabam por resignar-se a qualquer emprego que esteja disponível, sem grande interesse, mas simplesmente como forma de sobrevivência. Trabalhar nestas condições pode levar a um desempenho fraco e à frustração do trabalhador. O programa de formação do Parque aspira a inverter esta tendência, despertando os jovens para novas profissões, e assim proporcionando-lhes acesso a novas habilidades que poderão usar para profissões disponíveis na região.
A História de Fernando Pedro
Fernando Niquissene Domingos Pedro recebeu recentemente apoio do PNG para a sua formação numa nova profissão. Espera-se que assim Fernando possa inspirar-se nas habilidades que acaba de adquirir, na busca de uma profissão futura que lhe permitirá dar uso aos seus talentos naturais.
A história do Fernando é igual à de muitos rapazes da sua comunidade. Durante a sua infância na aldeia, criou os seus próprios jogos. Fez diferentes tipos de carros de brincar a partir de canas, pneus, lama e outros materiais. Aprendeu as tarefas domésticas, agricultura, pesca e caça com os seus pais, irmãos e amigos. Hoje é um rapaz humilde e tímido, uma pessoa que não chama muito a atenção.
O Fernando frequenta a oitava classe e segue o programa do Ensino Secundário Geral na Escola Secundária Cristo-Rei, na Gorongosa. A escola faz parte de uma missão católica local. O Fernando comunica muito bem em português e fala inglês de acordo com o nível estudado. Além disso, possui algumas habilidades inatas.
Em Julho de 2009, foi dada a Fernando a oportunidade de trabalhar como assistente de câmara de Tim Wege, um cineasta do National Geographic. Esta oportunidade é muito fora do comum para um rapaz que vive numa aldeia longe da comunicação moderna e das tecnologias da informação, incluindo a televisão.
A referida experiência demonstrou que Fernando possui um dom inato para a filmagem. Deu-lhe também a rara oportunidade de escolher de facto uma profissão para seguir. Em vez de prosseguir os estudos em práticas agrícolas, a experiência de Fernando com o National Geographic revelou-lhe um mundo novo, o das tecnologias e da criatividade. Fernando poderá usar estas habilidades para prosseguir o seu sonho de um dia trabalhar para o Parque Nacional da Gorongosa.
Até agora, toda a sua formação tem sido em agricultura, uma mais valia preciosa para a subsistência dos agricultores da região. A oportunidade com o National Geographic proporcionou ao Fernando uma experiência excelente que poderá inspirá-lo no futuro. Fez-lhe perceber que quer usufruir da natureza, interagir com pessoas e usar as suas capacidades interpessoais na sua profissão futura. Aprendeu sobretudo que é ele quem escolhe o seu próprio futuro.
Segue-se uma entrevista com Fernando Pedro que revela mais acerca da sua vida.
Carlitos Sunza (CS) – Podes dizer-nos um pouco mais acerca de ti?
Fernando Pedro (FP) – Tenho 16 anos e sou órfão de pais. Vivo com o meu irmão mais velho, Mateus Marco Chimutanda, em Vinho, no distrito de Nhamatanda.
(CS) – Quando é que os teus pais morreram?
(FP) – O meu pai morreu num acidente de carro em 1997. Trabalhava como motorista para o PNG. A minha mãe era doméstica e adoeceu, morreu 6 anos mais tarde.
(CS) – Fala-nos um bocadinho da tua escola.
(FP) – Estudo na Escola Secundária Cristo-Rei, na Gorongosa. Estou na oitava classe. Estou também no programa de Agricultura. A escola oferece um curso profissional de 3 anos em agricultura, que começa na oitava classe. Quando terminar a décima classe na escola, irei também receber um Diploma Básico de Técnico Agrícola.
(CS) – Como é que conjugas os dois programas?
(FP) – É difícil. Tenho de estar na escola de manhã e à tarde porque tenho de assistir às aulas da oitava classe e também às aulas práticas e teóricas do curso.
(CS) – Com o é que classificas o teu desempenho na escola?
(FP) – Bom. Tive boas notas nos testes que fiz.
(CS) – O que é que sabes realmente fazer em termos de agricultura?
(FP) – Preparar o solo, plantar sementes, controlar pragas e doenças das plantas, aplicar pesticidas e fazer as colheitas.
Fernando Pedro a praticar actividades agrícolas
(CS) – Como é que é posssível viver em Vinho e estudar na Vila da Gorongosa, a 60 km de distância?
(FP) – Passo duas semanas no lar da escola Cristo-Rei, na Gorongosa e depois vou para casa por um período de tempo. Durante esse tempo, cada estudante trabalha numa lote de terreno agrícola individual perto de casa. Este é um dos aspectos práticos requeridos pelo programa de agricultura.
(CS) – O que é que produzes no teu lote de terreno agrícola individual em Vinho?
(FP) – Milho, feijão e tomate, que gasto na alimentação da família.
(CS) – Quem é que te apoia no pagamento das taxas da escola e alojamento no lar?
(FP) – O meu irmão mais velho, com quem vivo. Ele trabalha para o PNG. Paga dois mil meticais por ano pelo alojamento no lar da escola Cristo-Rei e dá-me uma mesada de 200 meticais.
(CS) – Este montante por mês é suficiente para cobrir as tuas necessidades básicas?
(FP) – Não chega para tudo o que eu quero, por exemplo produtos de higiene pessoal, material escolar, roupa, etc. No entanto, dou-me por feliz por ter este montante porque é o que o meu irmão pode fazer por mim de momento.
(CS) – Como é a vida no lar?
(FP) –É boa. As nossas refeições diárias são basicamente feijão e Xima de Mugaiwa (farinha de milho pilado com casca). Quando estamos na época dos vegetais, costumamos comer cozido de repolho. Não temos direito a mata-bicho.
(CS) – O que é que fazes nos teus tempos livres para te divertir?
(FP) – Nada. Mas também não tenho muito tempo livre porque estou sempre ocupado. Como disse, para além das minhas aulas da secundária, também tenho o programa de agricultura e as tarefas diárias do lar.
(CS) – Quais são os teus passatempos quando estás em casa?
(FP) – Não tenho brinquedos. Normalmente, ajudo em casa, trabalho no campo ou pesco.
(CS) – Qual o teu maior sonho no que toca a profissões?
(FP) – Ser guia turístico.
(CS) – Porquê?
(FP) – Gosto desta profissão. Interagir com turistas e levá-los para os safaris, falar Inglês. Gosto muito de ver animais e pássaros. Nesta profissão, terei sempre a oportunidade de ver maravilhas da natureza.
(CS) – Para que empresa gostarias de trabalhar como guia turístico?
(FP) – PNG
(CS) –Trabalhaste recentemente como assistente de filmagem de Tim Wege. Gostarias de ser um cineasta?
(FP) – Não.
(CS) – O Tim disse que tu foste o melhor assistente que ele alguma vez teve. O que dizes disso?
(FP) – Acho que tenho algum talento para isso, mas eu gostaria de ser o que referi anteriormente.
(CS) – Podes falar um pouco da tua experiência com o Tim Wege?
(FP) – Recebi um convite do Sr. Vasco para acompanhar o cineasta do National Geographic a Vinho. Quando lá chegamos, o Tim pediu-me para filmar as galinhas e gostou do trabalho que fiz.
(CS) – Como é que foi quando pela primeira vez seguraste uma câmara de filmar profissional?
(FP) – Senti-me bem, não estava nada nervoso.
Fernando Pedro e Tim Wege em Vinho
Tenho 60 anos, com 6 anos visitei este Parque, hoj...
Series caras com muitos investimentos sempre sai f...
Olá, meu nome é Lilian e sou estudante de doutorad...
o que o governo diz acerca destas piores condicoes...
amei este site porque assim posso mostrar o meu ta...