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Parque Nacional da Gorongosa 2 Nov 09
A caça furtiva no interior do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) continua activa e preocupante, apesar de fortes medidas de fiscalização.
Animais mortos apreendidos aos furtivos
Trata-se de um problema complexo antigo intimamente relacionado a factores sócio-culturais e históricos difícil de resolver, herdados desde os primórdios da criação do Parque na década 60 com o intuito de promover a defesa integral da natureza e dos seus inigualáveis aspectos primitivos representados pela então Reserva de Caça da Gorongosa.
O furtivismo é praticado, essencialmente, por alguns homens das comunidades que vivem nos arredores do Parque.
Os caçadores furtivos que usam diversos tipos de laços, armadilhas e armas tradicionais para a captura de animais são dirigidos, quando apanhados, às autoridades de justiça para serem julgados e penalizados pelos seus actos ilícitos.
A acção delituosa reduz até certo ponto várias espécies de pequeno e médio portes. As estatísticas referem entre três mil e 3.500 animais mortos por ano, com maior destaque para facoceros, changos e pivas.
O produto de caça tem como o destino principal o consumo e fins comercias em pequena escala nos mercados de esquina, incluindo barracas locais, geralmente transportado à cabeça e em bicicletas.
As regiões de Tambarara e Casa Banana, no distrito de Gorongosa, Pedreira e Massapassua, em Muanza e Dingue-Dingue, em Nhamatanda, são as que apresentam a incidência de maior número de casos, sendo os meses de Setembro a Dezembro a época mais crítica.
O Sector de Fiscalização do PNG tem redobrado esforços, usado todos os meios disponíveis para coibir a incursão dos meliantes e desactivar e apreender as armadilhas, que nalgum momento acabam inclusivamente por apanhar e ferir o próprio homem, no interior da área protegida.
De acordo com o chefe da Fiscalização, Adolfo Ruco, este trabalho tem resultado na recolha em média de 164 cabos de aço, sete armadilhas e duas armas de fogo de fabrico caseiro vulgo “canhangulo” e a prisão de mais de oito caçadores furtivos por mês.
Em 2008 foram recolhidos 2475 laços, 139 armadilhas 20 canhangulos e capturados 152 prevaricadores.
Entretanto, o Director do Departamento de Conservação, Dr. Carlos Lopes Pereira, lamenta o facto de “Infelizmente as autoridades locais de administração governamental e policial não prestarem a colaboração necessária no âmbito da Lei de Florestas, Lei nº 10/99 de 7 de Julho, e permitirem esta actividade ilegal incluindo a produção e venda de armadilhas em lugares públicos como é o caso de Nhamatanda”.
Em 2009 mais de 60 caçadores furtivos entregues à justiça
Um total de 64 cidadãos que praticavam a caça ilegal no interior do PNG foram prendidos e, posteriormente, responsabilizados criminalmente, entre Janeiro e Agosto do ano em curso.
Os indivíduos foram detidos por fiscais do PNG durante as operações de busca e patrulhas de rotina.
Também foram retirados, no mesmo período, 1.520 laços, 63 armadilhas, incluindo apreensão de 18 canhangulos e consideráveis quantidades de produtos da fauna bravia.
A carne confiscada na posse de alguns transgressores, por se tratar de um produto perecível, foi doada ao Centro de Saúde e outras instituições sociais da Gorongosa, após a sua descrição detalhada em autos de apreensão.
Os infractores foram julgados e condenados pelo Tribunal Judicial do Distrito da Gorongosa ao pagamento de multas e cumprimento de penas de prisão, que variaram entre 30 dias e seis meses, convertidas em trabalho a favor do Parque.
Segundo disse, chefe da Fiscalização, as operações de combate à caça furtiva vão continuar intensas em toda área protegida com vista a conservar a integridade dos ecossistemas do Parque.
O PNG conta presentemente com um efectivo de 120 fiscais, distribuídos em 21 postos de vigilância.
Apesar de investidas dos caçadores furtivos, a restauração da fauna bravia está sendo um sucesso, podendo serem avistados manadas numerosas de animais de diferentes espécies.
Recorde-se que a caça dentro dos limites do Parque é estritamente interdita pela lei, salvo por razões cientificas ou por necessidade de maneiro.
Gráfico: Departamento de Conservação
Fotos: Departamento de Conservação e Carlitos Sunza
Texto: Carlitos Sunza (Departamento de Comunicação / PNG)
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