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Gorongosa

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Detidos caçadores acusados de abate de elefante do PNG

Parque Nacional da Gorongosa 7 Jul 09

Imagem do elefante abatido

24 L.jpg

 

Dois cidadãos estrangeiros foram detidos pela Polícia da República de Moçambique (PRM), no passado dia 25 de Junho, na cidade da Beira por presumível autoria de crimes de abate ilegal do animal protegido, caça em período de defeso, posse ilegal de armas de fogo e furto de dispositivo electrónico.

 

Trata-se da dupla Victor Ildefonso Anselmo, 47 anos de idade, de nacionalidade portuguesa e o francês Juliene Raymond, 56 anos, caçadores profissionais indiciados no abate ilegal de um elefante e apoderado indevidamente de um colar - transmissor do sinal via satélite do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), no dia 18 ou 19 de Junho último, perto de Chiramba, no distrito de Chemba.

 

Segundo o director do Departamento de Conservação do PNG, Dr. Carlos Lopes Pereira, o elefante denominado G4, facilmente identificável pelo colar - transmissor de grande porte que levava ao pescoço - movimentava-se, frequentemente, entre o Parque e o rio Zambeze, passando pelas Coutadas de Caça, facto conhecido pelos responsáveis e pelas comunidades. Os seus movimentos e a sua posição geográficos eram permanentemente monitorizados a partir do sinal de satélite que emitia.

 

O mesmo dispositivo emitia também o sinal via VHF captável pela radiotelemetria, tecnologia esta que permitiu a localização do acessório, e consequente detenção na cidade da Beira pela Polícia de autores do seu furto e do abate ilícito do paquiderme em alusão. No entanto, de acordo com a fonte, entre os dias 12 e 19 de Junho findo o seu sector notou primeiro, através de leitura dos movimentos, que o animal se deslocava pouco tendo deduzido que o mesmo tenha sido eventualmente ferido. Mais tarde viria a parar definitivamente levando a acreditar possivelmente na sua morte que podia ser natural ou um abate por um caçadores furtivos.

 

As investigações posteriores com vista a aclarar o assunto viriam a confirmar o ferimento do animal no dia 12 de Junho último e sua morte entre 18 e 19 do mesmo mês. Segundo avançou o Dr. Carlos Lopes Pereira, no dia 20 de Junho de 2009, o sinal fornecido pelo satélite movia-se em direcção à uma residência no Município de "Chiveve", nas coordenadas geográficas de Latitude 19º,8491333 e Longitude 34º,87215, Sudoeste da cidade da Beira. Tendo o mesmo sido transmitido, no dia seguinte, pelas 22h25, e desaparecido depois, situação que só pode acontecer como resultado da destruição ou ocultação do colar transmissor dentro de contentor ou edifício, acrescentou o interlocutor.

 

Perante estes indícios, conforme explicou, no dia 24 e 25 do mesmo mês, o Departamento de Conservação encetou contactos junto à PRM, à Polícia de Investigação Criminal (PIC) e à Procuradoria da República, ao nível da província com vista a localizar os presumíveis responsáveis no abate delituoso do elefante protegido para responderem em juízo sobre os crimes que pesam sobre eles. Prosseguindo disse que, no dia 25 de Junho, com o mandado de busca e apreensão nas mãos, agentes da PIC e elementos do PNG dirigiram-se ao local suspeito na cidade da Beira, e iniciaram as diligências para localizar o dispositivo.

 

"Quando chegamos nas proximidades do sítio, activamos o sistema VHF, na frequência específica do G4 (150.610), demonstrado a presença do dispositivo de emissão do sinal na casa sob suspeita", detalhou o Dr. Carlos Lopes Pereira.

"Depois de alguma resistência passiva por parte dos ocupantes da moradia alvo de busca, na tentativa de deslocarem o colar para a bagageira de uma viatura fora do apartamento, os polícias conseguiram introduzirem-se no seu interior sem, no entanto, usar a força, tendo apreendidos Victor Ildefonso Anselmo, ligado a empresa Ideal Safaris e o seu comparsa, Juliene Raymond, na rua Diogo de Couto no, bairro das Palmeiras - 2, na cidade da Beira", acrescentou a fonte.


Imagem satélite da casa de onde foi emitido o sinal de satélite e posteriormente o sinal VHF
Picture 1.png

 

Juntamente com os dois indivíduos, a Polícia apreendeu, seis armas de vários calibres, grande quantidade de munições, um colar transmissor (pertença do PNG), cinco pontas incluindo os dentes e patas do elefante G4, e vários troféus de búfalos, sem a respectivas licenças e/ ou documento de propriedade.

 

De acordo o Dr. Carlos Lopes Pereira, um dos marfins confiscados, já devidamente acondicionado conjuntamente com outros produtos de caça para a exportação, pesava 55 kg e media mais de 3,70m, tamanho considerado de património nacional e proibido de sair do país.


Parte dos troféus e patas apreendidos pela Polícia
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    As últimas informações indicam que os implicados na autoria de crimes de caça ilegal do animal protegido, caça em período de defeso, posse ilegal de armas de fogo e furto de dispositivo de transmissão continuavam detidos, já com a prisão legalizada.

 

A Administração do PNG alega prejuízos de cerca de 50 mil dólares norte-americanos, correspondentes aos custos de captura, transporte do elefante de África do Sul para Moçambique, e aquisição de equipamento de monitoria para determinar a sua posição geográfica via VHF e satélite.

 

Por outro lado, a mesma direcção agradece a cooperação e a excelente actuação da Polícia, na localização e detenção dos indiciados no abate do elefante e no furto do colar transmissor. De recordar que o elefante morto foi introduzido ano passado no PNG translocado do Parque Nacional do Kruger, num conjunto de seis machos escolhidos de entre os que reuniam melhores características fenotípicas e genotípicas, com o objectivo de regenerar o fundo genético da população existente, largamente sabotada nas décadas de 80 e 90, como resultado dos abates incontrolados.

 

Segundo o director do Departamento de Conservação do PNG, Dr. Carlos Lopes Pereira, "O presente caso indica a existência de caça ilegal e indivíduos sem escrúpulos capazes de matarem o que lhes aparece pela frente para fins ilícitos e lucro fácil."

 

O PNG aguarda com expectativa o desfecho do caso e o posicionamento das autoridades responsáveis pelo licenciamento de caçadores, coutadas de caça e fazendas do bravio e da emissão de licenças de abate.

 

Carlitos Sunza

Departamento de Comunicação/PNG

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