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Parque Nacional da Gorongosa 28 Jul 09
Criança albina inibida de liberdade durante três anos
Derton Termo Zabo, de 4 anos de idade, residente na comunidade de Mbulaua, distrito de Gorongosa, viveu grande parte da sua vida confinado dentro de quatro paredes e nos limites do quintal da casa dos seus progenitores.
Os pais tinham receio de dar a conhecer aos vizinhos e à comunidade da existência de um filho albino no seio do seu agregado familiar. Durante este tempo, o rapaz que apresenta a pele e os pêlos de cor branca, os olhos de tom rosado e fotofobia, era preterido do convívio em círculo de amigos, passeios, entre outras liberdades, devido à sua alteração genética que o incapacita de fabricar a pigmentação necessária. Quando adoecesse nunca era levado ao hospital.
A mãe deixava o menino em casa e se dirigia sozinha ao clínico, ao qual explicava os sintomas (subjectivos, sujeitos à interpretação do próprio paciente) para a prescrição médica do filho a distância. Ela sempre mentia ao prescritor sobre a ausência do doente na consulta alegando que vive muito longe da unidade sanitária, pelo que era impossível levar o menino crescido ao colo e andar dezenas de quilómetros a pé para ser observado directamente pelo profissional de saúde.
Desta forma, Derton Zabo, quando enfermo era "consultado" mediante apresentação de sintomas da sua doença através da mãe, impossibilitando um diagnóstico correcto, através dos sinais e alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, usualmente um técnico da medicina.
No atendimento de alguém por um clínico é sempre prática cruzar sintomas e sinais, com vista a colher as informações necessárias ao pleno conhecimento da enfermidade de cada pessoa, mas o menino que temos vindo a referir era excluído desta prerrogativa, na sequência da sua mutação de genes que o impossibilita de produzir melanina que dá cor à pele e protege da radiação ultravioleta tanto do sol, como de algum dispositivo artificial.
Os pais têm pigmentação ajustada para seu corpo, razão pela qual consideravam a origem da situação da criança ligada a magia e alvo de troça por parte da sociedade. Eles não possuem o conhecimento científico para perceber que apesar de serem indivíduos normais, foram os dois que transmitiram ao filho os genes alterados no processo hereditário e que os albinos aparecem tanto em seres humanos, assim como em animais e plantas.
Por outro lado, foram ignorantes em acreditar que, apesar da discriminação social persistente, todo mundo conhece a existência de pessoas albinas, incluindo na comunidade Mbulaua onde moram, até porque em língua local nesta comunidade chamam de sope. Por preconceito dos progenitores, o menino portador de albinismo ficou nos seus primeiros três anos de vida sem cuidados especiais exigidos, sobretudo da pele e da vista, bem como sem consultas de pediatria.
Entretanto, há um ano Nildo Sulemane Chigavale, enfermeiro da Clínica do Chitengo e da Clínica Móvel de Saúde do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), notou uma clareza anormal na pele dos irmãos do Derton Zabo, numa das suas idas a Mbulaua. Segundo contou, num dos dias ousou perguntar aos irmãos do miúdo albino quantos eram, tendo-lhe sido fornecido o número e informado da existência de outro que sempre ficava em casa.
Nildo Chigavale curioso, por outro lado, pelo facto de atitude duma mãe que fazia consulta de sua criança sempre ausente, decide identificar a residência dos Zabos. Quando chegou na casa não viu o pequeno e porque não podia entrar dentro do apartamento, optou por conversar abertamente com a mãe que revelou a existência do filho albino. Sensibilizou o casal para deixar o menino livre e que era igual aos outros.
A partir daí Derton Zabo passou a sair fora de casa, a passear com os irmãos, amigos e a frequentar consultas de pediatria. Paralelamente, recebe regularmente visitas domiciliárias da Clínica Móvel do PNG.
Enfermeira Antónia Ferrão visitando o menino em casa
Conforme a fonte explicou, o preconceito dos pais de darem liberdade ao petiz residia pelo facto na família e na comunidade local nunca ter existido um indivíduo albino. Presentemente, as atitudes estereotipadas dos progenitores mudaram, deixam o menino livremente fora de casa, sai a brincar em qualquer canto com os companheiros e falam da condição de albinismo dele sem nenhum preconceito.
Aliás, em conversa com o articulista deste artigo há dias o pai, Termo Zabo, 49 anos, camponês, casado com duas esposas, explicou que o menino está bem de saúde, mas nos horários de maior intensidade de radiação solar apresenta complicações para vislumbrar e a sua pele é muito susceptível a raios ultravioletas que lhe provocam pequenas queimaduras por não utilizar nenhum produto protector de pele.
Também disse que, o rapaz nas condições normais de temperatura para as demais pessoas, sente frio. Mais afirmou que está desprovido de finanças para aquisição de protectores solares, bonés e óculos de sol que podem ajudar na protecção da pele e dos olhos, bem como de agasalhos condignos e calçado.
Nisto, pede benesses a todos que puderem ajudar Derton Zabo em roupa, sapatos, cremes e mais. Em resposta a este grito de socorro, uma equipa de médicos do Hospital Mount Sinai, dos Estados Unidos, ofereceu cremes especiais da pele ao rapaz, enquanto que o Departamento de Comunicação do PNG doou 500,00Mt para a compra de algumas peças de vestuário do mesmo. Todos os que puderem prestar o seu apoio ao menor são bem-vindos pela parte da família Zabo. A sociedade e os pais são bastante preconceituosos com o albinismo e pelos vistos o trilho a percorrer parece ser muito extenso ainda.
O que aconteceu nos Zabos é mais um exemplo disso. Mas para a sua "infelicidade", a mãe do Derton Zabo deu à luz mais uma vez há três meses uma menina albina chamada Mila Termo Zabo. Com a bebé, Termo Zabo passa a contar com nove filhos vivos.
Derton, Mila, a mãe e mais dois irmãos
Carlitos Sunza
Departamento de Comunicação/PNG
Parque Nacional da Gorongosa 23 Jul 09
Aspecto do dormitório do internato da EPC de Mbulaua
Os alunos internos da Escola Primária Completa (EPC) de Mbulaua, no distrito de Gorongosa, província de Sofala, vivem presentemente em precárias condições, na sequência da degradação do centro internato.
O edifício, construído com base em material local, que alberga as crianças, reclama por obras de restauro, por se apresentar em elevado estado de destruição, assim como carente de apetrechos em mobiliário.
O centro internato consiste, simplesmente, em estacas (pilares) que suportam alguns bambus cruzados das paredes e suportam o tecto coberto de capim. O bloco dormitório feminino é o mais afectado.
Aspecto do interior do bloco dormitório feminino
Neste momento, de acordo com o director-adjunto pedagógico da EPC de Mbulaua, Luís Fernando, os alunos vivem em condições bastante deploráveis por falta de acomodação adequada. De acordo com a fonte, a situação cria sofrimento aos alunos que vindos de zonas distantes da escola, para fazerem o II ciclo do ensino primário, vivem em condições que atentam a sua saúde, principalmente no tempo de frio intenso da Gorongosa.
Para dar um mínimo de conforto às noites dos petizes, a direcção do estabelecimento decidiu utilizar uma das salas de aulas como dormitório para as raparigas, enquanto que os rapazes dormem em pequenas cabanas feitas por eles próprios.
Cabana particular feita por um dos meninos
Esta problemática, na opinião do Luís Fernando, prejudica sobremaneira a qualidade da aprendizagem, o que repercutirá negativamente sobre a sociedade na medida em que a educação das crianças afectadas não terá a excelência desejada.
Os responsáveis da escola estão sem solução para colmatar o problema, uma vez que se encontram desprovidos de recursos para reerguer a infra-estrutura com base em material local ou construir um novo empreendimento melhor.
A comunidade mais próxima da EPC do Mbulaua mostra-se indiferente perante o triste cenário porque, segundo explicou o director-adjunto pedagógico da EPC do Mbulaua, seus educandos não vivem no centro interno. De igual modo, disse que está sendo difícil mobilizar potenciais parceiros institucionais, bem como organizações, interessados em apoiar na reconstrução ou construção de raiz de um novo centro internato a fim de proporcionar condições mais condignas de alojamento aos alunos internos.
O director-adjunto pedagógico da EPC de Mbulaua, Luís Fernando
Um outro problema prende-se com a falta de água potável, pois o único fontanário que abastecia o precioso líquido à escola e ao centro encontra-se avariado há mais de dois meses ainda sem perspectiva de reparação.
Fontanário avariado há mais de dois meses
Por conseguinte, a comunidade académica recorre a um poço tradicional localizado a cerca de 2km da escola para se abastecer de água, cuja qualidade e composições mineralógica e bacteriológica ainda mereceu uma análise laboratorial.
Actualmente, vivem no centro internato da EPC do Mbulaua 64 alunos, sendo 18 do sexo feminino e 46 do sexo masculino, provenientes de áreas longínquas da escola como Púnguè, Nhambita, Mussinhã e Mutiambamba.
A alimentação das crianças é garantida pelo Programa Mundial de Alimentação (PMA). Também são beneficiários da doação professores, cozinheiros e agentes de serviço. O donativo comporta arroz, farinha de milho (raras vezes), ervilhas e óleo da cozinha.
O PMA apoia o centro bimestralmente com bens de primeira necessidade. A direcção da escola diz que a quantidade de comida recebida, algumas vezes, é insatisfatória para as necessidades do centro, mas representa uma importantíssima e indispensável ajuda na dieta alimentar dos favorecidos.
Alunas da EPC durante uma das refeições
Carlitos Sunza
Departamento de Comunicação/PNG
Parque Nacional da Gorongosa 15 Jul 09
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) anuncia a partir de hoje a abertura de um Processo de Aceitação de Candidaturas Nacionais e Internacionais para a exploração de actividades turísticas dentro dos limites do Parque.
As partes interessadas deverão contactar a Gestão do Parque e recomenda-se que visitem o PNG no decorrer dos próximos 75 dias para avaliar as diferentes áreas que serão concedidas para exploração aos operadores turísticos.
As candidaturas deverão ser entregues até ao dia 1 de Outubro de 2009.
Um comité de seis indivíduos (todos de nacionalidade Moçambicana), representando uma gama variada de actividades profissionais, reunir-se-á em 15 de Outubro para avaliar as candidaturas.
Observadores independentes serão convidados para assistir a esta sessão. As candidaturas serão avaliadas de acordo com os seguintes atributos: recursos financeiros; experiência de ecoturismo e capacidade de marketing; comprometimento para com as comunidades locais; e exercício de actividades comerciais com respeito por práticas ecológicas.
O comité reserva-se o direito de efectuar mais reuniões em 2009 e 2010 e de aceitar candidaturas adicionais para além da data limite se para todas as actividades turísticas a serem concedidas para exploração não tiverem sido identificadas candidaturas suficientemente qualificadas durante a reunião de 15 de Outubro de 2009.
Para mais informações por favor contactar o Sr. Vasco Galante através de vasco at gorongosa.net ou visitar a Recepção do Acampamento de Safaris de Chitengo, Parque Nacional da Gorongosa.
Parque Nacional da Gorongosa 15 Jul 09
Consulta da Clínica Móvel do PNG em Mbulaua
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) providencia serviços de Clínica Móvel desde meados do ano passado às comunidades localizadas muito distantes de um posto de saúde, no âmbito do Programa Social e Saúde do Departamento do Desenvolvimento Humano.
A Unidade Móvel de Saúde percorre dois regulados, nomeadamente Chicare e Nganguo, no distrito de Gorongosa, beneficiando as comunidades locais com atendimento médico e medicamentosa, cuidados clínicos providenciados nos padrões do Serviço Nacional de Saúde.
O programa visa proporcionar cuidados básicos de saúde à população que vive longe de uma unidade sanitária com o propósito de reduzir as enfermidades e os coeficientes de mortalidade na região. De acordo com um dos agentes provedores do Serviço da Clínica Móvel, enfermeiro Nildo Sulemane Chigavale, as populações beneficiam-se da triagem básica e aconselhamento e testagem em saúde (teste rápido de HIV).
Os cuidados clínicos na área da saúde materno-infantil, nomeadamente consultas pré-natais, PTV (Prevenção da Transmissão Vertical) do HIV da mãe para o filho e consultas às crianças sadias para conhecer o seu estado nutricional e o quadro de saúde geral, são igualmente privilegiados nas actividades do referido programa.
Atendimento de jovem mãe na Clínica Móvel em Mbulaua
O interlocutor explicou, igualmente, que a Unidade Móvel de Saúde dispõe de medicamentos padronizados, como os de uso geral, antibióticos, entre outros profiláticos para atender as necessidades de seus pacientes.
Segundo a fonte, a assistência médica e medicamentosa é prestada num único período (manhã), duas vezes por semana, em dias interpolados, em cada centro de consultas.
"Fazemos o atendimento clínico em dois lugares, especificamente Nhambita e Mbulaua, facilitando as pessoas locais com dificuldades em acesso ao serviço de saúde, uma vez que a unidade sanitária de referência localizado em Púnguè fica a mais de 20 km destas comunidades" referiu Chigavale.
"Durante o período de manhã em que as pessoas são consultadas num determinado ponto desse serviço ambulatório, atendemos uma média de 60 pacientes padecendo na sua maioria de malária, diarreias, parasitoses intestinais, pneumonia, bilharziose e outras doenças" acrescentou.
Sem avançar números cumulativos atendidos desde o início do Serviço de Clínica Móvel, Chigavale disse que a sua equipa já observou muitos enfermos sofrendo de várias patologias, ajudando por conseguinte a melhorar a qualidade de vida das comunidades beneficiárias. Por exemplo, em Mbulaua o número de pacientes que se consultam na Unidade Móvel de Saúde do PNG, entre crianças e adultos, é muito elevado e todos os dias de atendimento clínico verifica-se longas filas de pessoas à espera para serem observadas.
Para além de serviços acima referidos, também realiza campanhas de saúde na comunidade que se resume em palestras sobre os métodos preventivos das doenças diarreicas e infecto-contagiosas que concluem HIV/SIDA, tuberculose e outras.
Quadro clínico da saúde materno-infantil
O programa de saúde materno-infantil continuado desenvolvido pelo Serviço de Clínica Móvel do PNG tem contribuído para reduzir os problemas mais comuns enfrentados pela mulher durante a gravidez e pós- parto, bem como dos bebés, apesar da existência de consideráveis casos de malnutrição nas crianças locais. De acordo com a enfermeira Maria Antónia Ferrão, o acompanhamento permanente das gestantes e dos recém-nascidos garante a boa saúde das mães e o crescimento saudável dos respectivos filhos.
Momento de consulta pré-natal na Clínica Móvel em Mbulaua
Na área de pediatria, os técnicos de saúde analisam o quadro geral do desenvolvimento e crescimento das crianças. Medem o peso, fornecem noções sobre higiene corporal e vestuários, incentivam ao aleitamento materno, monitorizam o crescimento e desenvolvimento das crianças.
Segundo a fonte, quando as crianças chegam ao consultório passam pela pesagem e triagem para serem avaliadas em relação ao seu estado nutricional.
Pesagem das crianças na Clínica Móvel em Mbulaua
No entanto, o estado nutricional de muitas meninos é insatisfatório e o seu peso muito desequilibrado. São frequentes casos de malnutrição moderada tratados com suplementação de papa de soja.
Por outro lado, regista-se alguns casos graves que são encaminhados para internamento no Centro de Saúde do Distrito de Gorongosa, onde recebem um tratamento mais especializado.
Combate à desnutrição infantil
No distrito de Gorongosa a ocorrência de malnutrição é muito comum em indivíduos de tenra idade. Muitas crianças são desnutridas, com baixo peso e problemas sérios de recém-nascidos, apesar da zona ter alimentos em abundância.
"Frequentemente, atendemos crianças moderadamente desnutridas, apesar da região ser potencial produtora de comida e sem grandes problemas de fome. Acho que as mães não têm seguido as dietas recomendadas para os filhos, porque não há motivos para esta desnutrição com tanta comida que há na Gorongosa, celeiro da província de Sofala", disse Maria Antónia Ferrão.
Todavia, o Serviço de Clínica Móvel do PNG está determinado a mitigar estes casos nas comunidades onde opera. Como estratégia aos pacientes moderadamente desnutridos são distribuídas papas de soja, alimento rico em proteína vegetal e muito importante para combater a desnutrição infantil, enquanto que casos críticos são transferidos para o Centro de Saúde de Gorongosa, na sede do distrito, onde recebem terapia médica mais especializada.
Segundo informou Maria Antónia Ferrão, cada criança moderadamente desnutrida recebe 9kg/mês da farinha com nutrientes necessários para o desenvolvimento infantil.
Distribuição de soja em Mbulaua
A soja distribuída é doação do Programa Mundial para Alimentação (PMA) em coordenação com o Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social da Gorongosa.
Prevenção da malária
O Serviço de Unidade Móvel da Saúde do PNG também está a implementar actividades de mobilização comunitária para a prevenção da malária nas comunidades. Deste modo, colabora eficazmente com as autoridades nacionais de saúde na ajuda às intervenções de resposta a esta doença através da sensibilização das pessoas acerca das melhores práticas, sobretudo as saneamento do meio, da prevenção, e do tratamento.
Trata-se de uma acção que dá às comunidades longínquas rurais e isoladas do serviço de saúde os meios necessários para puderem prevenir-se da malária. Neste contexto, de acordo com Maria Antónia Ferrão, o programa faz a distribuição gratuita de redes mosquiteiras impregnada de longa duração às mulheres grávidas na primeira consulta pré-natal.
Entrega de uma rede mosquiteira em Mbulaua
O objectivos é prevenir a mulher grávida, com uma imunidade enfraquecida, e a criança da malária que é apontada como uma das maiores causas dos internamentos hospitalares e da mortalidade no país.
População satisfeita
Existem declaração interessantes que demonstram a importância da Clínica Móvel, integrada no Programa de Saúde na Comunidade do PNG, e a necessidade de atenção médica à população que vive em zonas isoladas do hospital. Ester Tomás, que consultava há dias a sua filha de nome Anora Félix, de dois anos de idade, na Unidade Móvel de Saúde disse que é louvável o gesto do PNG em levar serviços de saúde para a comunidade de Mbulaua.
Conforme explicou aquela mãe, antes como a comunidade não tinha posto de saúde, a população era obrigada a recorrer ao posto do Púnguè ou à vila-sede de Gorongosa. Trata-se de zonas muito distantes, que aliado à enchente de pessoas que encontravam nos consultórios, lhes tornava impossível retornar a casa no mesmo dia.
Ester Tomás, acompanhante de paciente
De igual modo, Amélia Wanda, uma jovem mãe, que se deslocou há data atrás à Clínica Móvel, em Mbulaua, para controlar o peso da sua criança (Ester Damião, um mês de vida), explicou que a implementação desta iniciativa é um grande alívio para a população local.
"A comunidade estava clamando de um serviço sanitário para se tratarem e com a ajuda do Parque vimos a nossa preocupação minimamente resolvida. Bem haja o Parque, bem haja o Parque", acrescentou Amélia Wanda.
Amélia Wanda, acompanhante de paciente
Por sua vez, João Miquisse Gil, chefe da povoação de Mbulaua, disse que antes as pessoas sofriam muito para encontrar serviços de saúde. Percorriam longas distâncias até o posto de saúde de referência em Púnguè e ao centro de saúde distrital na sede do distrito, com o agravante de que tinha que andar a pé muitos quilómetros para alcançar a EN1, onde se apanha transporte para Púnguè e vila.
"Agora estamos satisfeitos pois a saúde da população, sobretudo dos idosos com dificuldades de se locomoverem, está garantida com a Unidade Móvel do Parque", conclui Gil.
João Miquisse Gil, chefe da povoação de Mbulaua
De uma forma geral, os entrevistados elogiaram o atendimento profissional da equipa de trabalho da Clínica Móvel do PNG aos pacientes. No entanto, pediram o aumento do número de visitas por semana de dois para três ou quatro dias.
Carlitos Sunza
Departamento de Comunicação/PNG
Parque Nacional da Gorongosa 14 Jul 09
Li Stenberg e Kristina Arvidsson, estudantes da Lund University
Duas estudantes finalistas do Departamento de Geofísica Aplicada, da Lund University, baseada na Suécia, estão desde o dia 20 de Junho de 2009 no Parque Nacional da Gorongosa (PNG) a realizarem um trabalho de campo, destinado à investigação do sistema hidrológico do lago Urema, que resultará na elaboração das suas dissertações para obtenção do grau académico de mestre.
Trata-se da Li Stenberg e Kristina Arvidsson que se juntaram a uma equipa de três moçambicanos, sendo um estudante e dois docentes do Departamento de Geologia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
A supervisão do trabalho de pesquisa das duas estudantes está a cargo do Professor da Lund University, Dr. Torleif Dahlin, na Suécia e do Dr. Richard Owen da University of Zimbabwe, na vizinha terra do Roberto Mugabe.
Dr. Richard Owen a tirar uma amostra de solo
O estudante da mais antiga instituição do ensino superior em Moçambique, Félix Uqueio, está a colectar dados para a elaboração da sua monografia científica para o diploma de licenciatura, enquanto que o professor Luís André Magaia está a desenvolver a pesquisa para a elaboração da dissertação do mestrado e o professor Farisse João Chirindja para a tese de doutoramento. O docente Farisse João Chirindja é, igualmente, o co-supervisor da Li Stenberg e Kristina Arvidsson. De acordo com a Franziska Steinbruch, gestora dos Serviços Científicos do PNG, e co-supervisora das duas estudantes da Lund University, o estudo sobre o sistema hidrológico do lago Urema trará enormes benefícios para o Parque.
Segundo disse a nossa fonte, a investigação permitirá conhecer melhor os processos que controlam as quantidades de água disponível no lago Urema e na planície. Franziska Steinbruch enfatizou, igualmente, que a importância deste estudo transcende-se pelo facto de o lago Urema constituir a fonte principal de água para a fauna bravia e o garante dos ecossistemas do Parque. Paralelamente, disse que sem o lago a administração da "Grande Gorongosa" será forçada a criar fontes artificiais para sustentar os animais, répteis e aves com dependência total do Urema que contém permanentemente as águas provenientes da chuva e das bacias hidrográficas que desaguam nessa depressão natural.
Por isso, conforme explicou, é importante conhecer o sistema de funcionamento hidrológico e abastecimento dos lençóis freáticos (aquíferos) a partir da Serra da Gorongosa e a partir do planalto do Baruè, província de Manica, através do percurso normal do rio Nhandugue que escoa para o vale do Urema, a fim de garantir a sua manutenção.
Por outro lado, referiu que todas as fontes de água que alimentam o lago nascem fora dos limites do Parque e são sujeitos a vários usos causando impactos positivos ou negativos sobre a qualidade e quantidade das águas, daí a necessidade do estudo do seu sistema hidrológico.
Franziska Steinbruch, gestora dos Serviços Científicos do PNG
Portanto, o Departamento de Conservação do PNG espera obter recomendações valiosas a partir dos estudos em cursos para uma melhor gestão adaptada dos recursos hídricos do Parque.
O lago Urema situa-se a meio do vale do Rift, na parte sul do Parque. Favorece a criação de um complexo mosaico de pequenos ecossistemas que contêm mais abundância e diversidade de vida selvagem. O trabalho em curso que está sendo levado a cabo pela dupla Li Stenberg e Kristina Arvidsson sobre o sistema hidrológico do lago Urema é desenvolvido na sequência dos resultados obtidos na primeira pesquisa realizada ano passado por uma outra aluna do Departamento de Geofísica Aplicada, da Lund University.
A investigação é feita com base em aplicação de técnicas da tecnologia moderna, tais como medições de multi-resistência até uma profundidade de 60m, teledetecção usando imagens satélites, mapeamento geológico e morfológico, recolha de amostras de solos até uma profundidade de 10m e medições de caudais nos rios e recarga dos aquíferos.
As camadas de solos que constituem aquíferos
Investigação do subsolo
A pesquisa tem o financiamento tripartido da SIDA - SAREC - um projecto da Lund University e UEM, do Swedish Minor Research Fund, e do Projecto Biodiversity da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) - Gorongosa Restoration Project.
Referir que o trabalho de campo com vista à elaboração da monografia científica, da dissertação e da tese, é um requisito indispensável da conclusão dos cursos superiores de graduação, de pós-graduação (mestrado ou especialização) e de doutoramento, respectivamente, visando avaliar a capacidade do aluno na elaboração e aplicação de conhecimentos e competências adquiridos em várias disciplinas curriculares da especialidade do programa educativo.
Através do estudo aprofundado sobre um tema, o finalista deve demonstrar uma capacidade de identificar, analisar e resolver um problema técnico ou científico e avaliar a solução, apresentar e documentar o resultado num relatório escrito que pode ser de carácter popular, ou tomar a forma de um artigo científico, para que obtenha o diploma de conclusão do curso.
Fotos: Carlitos Sunza e Franziska Steinbruch
Texto: Carlitos Sunza (Departamento de Comunicação/PNG)
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