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Gorongosa

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Grupo de turistas em aventuras ímpares em Sofala

Parque Nacional da Gorongosa 28 Mai 09

O grupo "Moçambique Aventura" em Chitengo (PNG)

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Desde os primórdios da humanidade até os dias de hoje, o Homem tem sempre explorado continuamente a natureza para decifrar os seus mistérios. Acções de criatividade e perspicácia favorecem-no a inventariar e a documentar várias matérias por meio de fotos, vídeos e relatos escritos. Nesta perspectiva, imbuído pelo espírito de aventura, um grupo de amigos amantes da natureza e da fotografia esteve recentemente em Sofala, na região centro de Moçambique, numa expedição turística de 8 dias.

 

A equipa composta por 12 pessoas, sendo cinco brasileiros, quatro moçambicanos, dois portugueses e um italiano (11 vivendo em Maputo e um em Johannesburg), percorreu sucessivamente as grutas de Kodzué, no distrito de Cheringoma, as cascatas de Morumbodzi, a Serra da Gorongosa e o Parque Nacional da Gorongosa (PNG), no distrito com o mesmo nome, na província de Sofala.

 

De acordo com cineasta e fotógrafo Chico Carneiro, brasileiro residente em Moçambique há 26 anos, um dos membros do grupo de amigos amantes da natureza denominado "Moçambique Aventura", a iniciativa visa conhecer e fotografar as belezas naturais, praticar e divulgar o conceito de ecoturismo e promover o turismo interno em Moçambique, partilhando suas experiências através de exposições fotográficas e outros meios de difusão massiva.

 

O grupo, constituído por homens e mulheres de diferentes nacionalidades e profissões, com idades entre 28 e 59 anos, caracterizou de uma forma genérica as grutas de Kodzué do planalto de Cheringoma como espectaculares, maravilhosas, fantásticas, extraordinárias e impressionantemente belas, apresentando um enorme potencial de atracção e referência turística em Moçambique.

 

As grutas constituem um complexo de cavernas de origem calcária, localizadas num local de acesso complicado mas que deixam qualquer um que conseguir chegar até ali estupefacto, pela magnitude de sua beleza. O nosso interlocutor disse também ter gostado do local onde acampou com apenas uma casa de banho e uma latrina, sem mais infra-estruturas, o que proporciona um contacto directo do turista com a natureza.

 

No entanto, Chico Carneiro frisou que é necessário haver uma mudança de comportamento das comunidades locais no que diz respeito aos conceitos tradicionais versus acesso dos turistas às belezas naturais do país. "Nós chegamos no meio da tarde na aldeia guardiã das grutas e em comum acordo com o régulo decidiu-se que a cerimónia tradicional aos espíritos seria feito no final daquele mesmo dia, para que no dia seguinte logo cedo pudermos entrar e visitar as grutas. Mas na manhã seguinte fomos informados que havia um problema, que os espíritos não tinham aprovado totalmente a cerimónia, por não terem apreciado o tipo de tabaco que levámos ao local, apesar dos produtos levados para a cerimónia serem os solicitados pelo responsável pela realização da cerimónia e comprados por um conhecedor do assunto justamente para evitar esse tipo de problema, consequentemente fomos obrigados a pagar mais algum valor monetário, para além dos 100 Mt cobrados por pessoa para termos acesso às grutas" - lamentou. "Acho que os costumes locais e práticas culturais, que têm que ser respeitados, não podem ser utilizados de uma maneira mercantilista, sob o risco de fazer com que os pessoas desistam de fazer esse tipo de turismo em Moçambique" - comentou Chico Carneiro.

 

Outros membros do grupo reclamaram também do comportamento negativo de alguns membros da família responsável pela realização dos referidos ritos, de ficar permanentemente reclamando dos seus problemas pessoais (pedindo dinheiro, comida, remédio, roupas, entre outros pedidos ) como se os turistas fossem responsáveis por resolvê-los, e causando um visível desconforto ao grupo.

 

Por sua vez, Luís Soeiro classificou as grutas como sendo impressionantes e disse que o que viu ultrapassou em todos os aspectos as suas expectativas. Todavia, lamentou duma questão que viu nas grutas que na sua opinião não poderia suceder. "É estranho que algumas pessoas tenham preferido gravar seus nomes e das suas instituições, em algumas paredes da gruta, facto que altera a sua beleza natural" - observou.

 

Já Luísa Humbane qualificou as grutas como espectacularmente belas e fantásticas. Paralelamente, disse ter gostado do convívio com a comunidade local, de interagir com pessoas simpáticas e sempre prontas a ajudar. No entanto, ela disse não perceber o por quê do pagamento de 100,00Mt por pessoa, para além da taxa de realização da cerimónia de passagem às grutas. Igualmente ela pergunta sobre o destino do dinheiro cobrado, uma vez que não existe um comité de gestão estabelecido na região que é órgão comunitário legalmente reconhecido para receber uma parte das receitas resultantes da exploração de recursos naturais da sua área em benefício da comunidade.

 

Referir que o distrito de Cheringoma é um, dentre muitos outros locais, que possuem belezas naturais desta terra deslumbrante, aguardando silenciosamente o momento para serem conhecidos, explorados e estudados.

 

Depois da visita às grutas o grupo conheceu as Cascatas de Morumbodzi e subiu a Serra da Gorongosa, chegando até ao seu ponto mais alto ( o pico Gogogo), com 1.863 metros de altitude. "Apesar de não ter comparação possível do que vi ano passado no Monte Binga, na província de Manica, fiquei positivamente impressionado com a floresta tropical, os rios, vales... tivemos a sorte de pegar bom tempo o que permitiu-nos presenciar um dos mais espectaculares pôr e nascer de sol dos que já vimos aqui em Moçambique. A privilegiada visão do céu estrelado na noite em que acampamos no topo do monte foi outro momento inesquecível que, felizmente, ficou registado nas nossas fotografias... " -  explanou Chico Carneiro.

 

"Um outro privilégio foi poder ouvir o canto do endémico 'Papa-figo de cabeça verde', que o meu colega Mário Traversi ainda conseguiu fotografar" - acrescentou. A região da Serra da Gorongosa apresenta, sem dúvida, paisagens de grande beleza e até mesmo aos mais desatentos vem atraindo por sua variedade de fauna e flora, rios e cachoeiras de águas límpidas. Moçambique Aventura a caminho do Gogogo Nesta majestosa cadeia montanhosa localiza-se a cascata do rio Murombodzi, com água caindo de mais de cinquenta metros de altura, por entre frondosas árvores para as piscinas naturais que se formaram nas rochas.

 

Por fim, o grupo conheceu o PNG, área de conservação com uma diversidade de ecossistemas e fauna bravia. O grupo chamado 'Moçambique Aventura' no ano passado subiu ao Monte Binga, o ponto mais alto de Moçambique.

 

Quanto ao balanço o grupo, aberto a qualquer pessoa extrovertida, avalia positivamente a digressão à província de Sofala e agradece o imprescindível apoio dado pelo staff do PNG, principalmente nas pessoas do Hendrik Pott, do Pedro Canteiro, do João Viseu, do Carlos Lopes Pereira e da Regina Cruz; pela população local e pelo nosso jovem guia, o Castro Morais, que possibilitou levar a bom termo a sua aventura nesta região do país.

 

Fotos: Moçambique Aventura (Mário Traversi e Chico Carneiro)

Texto: Carlitos Sunza (Departamento de Comunicação/PNG)

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